Michelle Cristina Feliciano Costa dos Santos, de 32 anos, está presa desde o dia 19 de setembro pela morte da mãe, Márcia Cristina Feliciano Costa, de 59. Caso aconteceu em uma área de lazer no Planalto Verde, zona Oeste de Ribeirão Preto (SP).
A mulher que confessou ter matado a mãe após uma discussão por conta de uma festa de aniversário demonstrou calma, tranquilidade e muita frieza durante o depoimento ao delegado José Carvalho de Araújo Júnior.
Segundo ele, as falas de Michelle Cristina Feliciano Costa dos Santos, de 32 anos, causaram estranheza até para a polícia. Ela foi presa na sexta-feira (19), oito dias após o crime, que aconteceu em uma área de lazer no Planalto Verde, zona Oeste de Ribeirão Preto (SP).
“Ela relatou sua confissão com muita calma e tranquilidade, que não é comum acontecer aqui na Delegacia de Homicídios de pessoas que se envolvem nesse tipo de crime. Mostrou uma certa estranheza pra gente como ela se comportou, relatando o que aconteceu com a própria mãe”.
O laudo do Instituto Médico Legal (IML) sobre a morte da diretora aposentada Márcia Cristina Feliciano Costa, de 59 anos, divulgado na segunda-feira (22), apontou que o corpo dela apresentou 20 ferimentos causados por uma faca de cozinha e ela também teve todos os dentes da frente quebrados.
Michelle foi encaminhada para a Cadeia de São Joaquim da Barra (SP), onde cumpre prisão temporária. Ela deve responder pelo crime de homicídio qualificado, mas as agravantes só serão definidas com a conclusão do inquérito policial.
Ao g1, a defesa de Michelle, disse que, por ora, não vai se pronunciar, uma vez que as investigações ainda estão em curso e disse que ela tem colaborado efetivamente, de forma espontânea e sem qualquer resistência, desde o início.
“No momento oportuno, todos os esclarecimentos poderão ser prestados com a devida responsabilidade”.
À polícia, Michelle afirmou que matou a mãe em um momento de raiva, após a discussão por causa da festa de aniversário de 15 anos da filha dela.
“Pelo que a gente sabe, elas tinham uma relação de mãe e filha normal, comum. As pessoas que nos trouxeram depoimentos até agora dizem que o relacionamento era comum, então não tinha nada que justificasse uma coisa como a que aconteceu”.
O crime aconteceu no dia 11 de setembro e, ainda de acordo com o delegado, após matar a mãe, Michelle foi encher balões que seriam usados na decoração de uma festa. Ela ainda fez uma videochamada com o marido e demorou duas horas para acionar o socorro.
Inicialmente, o boletim de ocorrência foi registrado como morte a esclarecer, uma vez que a vítima foi encontrada já sem vida próxima ao box do banheiro, em meio a estilhaços de vidro.
Foi a médica do Serviço de Verificação de Óbito (SVO) que procurou a polícia para dizer que os ferimentos não condiziam com a versão apresentada pela filha. O laudo ainda estava em elaboração, mas a informação foi antecipada porque a profissional entendeu que se tratava de um crime.
“No momento que estava fazendo o exame, ela [a médica] já avisou a polícia: ‘olha, os cortes são diferentes aqui, tem faca na história’. Ela [Michelle] não tinha falado nada de faca. Após a confissão dela aqui na delegacia, ela foi conosco até o local e indicou onde estava a faca, que havia escondido”, explicou o delegado.
Comportamento sádico e perverso
À EPTV, afiliada da TV Globo, o psicólogo forense Felipe Gomez classificou o comportamento de Michelle como sádico e perverso.
“O aspecto comportamental do crime que chama a atenção é justamente a característica. As 20 facadas e a questão da retirada dos dentes mostram uma perversidade, um sadismo, um descontrole emocional, uma raiva muito intensa”.
Segundo ele, a brutalidade usada por Michelle para matar a mãe revela um conceito conhecido na medicina forense como overkilling, que é o excesso de violência empregado em certos crimes.
“Além da frieza, da crueldade, a perversidade no sentido da brutalidade que se deu esse crime, são 20 facadas, tirou os dentes. A gente tem um conceito que chama de overkilling. Muitas vezes, ele [o criminoso] conseguiu seu objetivo, que seria matar, e continua fazendo mutilações, agressões, que podem indicar um nível maior ainda dessa agressividade”.
O crime
O homicídio aconteceu no dia 11 de setembro, em uma área de lazer na Rua Waldemar da Costa Teixeira, no Planalto Verde, zona Oeste de Ribeirão Preto.
O corpo de Márcia Cristina Feliciano Costa, de 59 anos, foi encontrado no banheiro, ao lado de um box de vidro quebrado, com estilhaços espalhados e presença de sangue.
Ainda de acordo com a polícia, sobre o corpo da aposentada havia uma barra metálica, possivelmente de parte da estrutura do box, que quebrou.
Michelle chegou a dizer, em um primeiro depoimento, que estava na área de lazer com a mãe e a ajudava na limpeza do local.
Segundo ela, após encher balões para a decoração, estranhou a ausência de Márcia e foi procurá-la. Ao abrir a porta do banheiro, encontrou a mãe caída no chão, com o box destruído e a barra de ferro sobre o corpo.
Vizinhos também disseram ter ouvido uma voz feminina gritando ‘sai, Gustavo’, ‘para, Gustavo’, mas as investigações apontaram que Michelle arquitetou tudo para parecer que havia uma terceira pessoa em casa.
“Acredito que, logo depois que ela cometeu esse crime bárbaro, deve ter parado para pensar no que fez e a solução que achou foi essa, de falar o nome de ‘não faça isso fulano, tal’. Ela gritou para os vizinhos ouvirem alguma coisa. Em seguida, ligou para o marido e o marido orientou para que ela, então, chamasse os vizinhos”.
Com o avanço das investigações, Michelle confessou que matou a mãe após uma discussão. Ela foi presa no dia 19 de setembro, oito dias depois do crime. (Por Flávia Santucci, Bruna Romão)
Fonte: g1/Ribeirão e Franca, EPTV